VALE A PENA MEDITAR! SAIBA POR QUE
Há cerca de 20 anos, a meditação estava no limbo das práticas místicas e fazia qualquer cientista torcer o nariz. Isso mudou. Hoje, a prática não só é vista com bons olhos, como virou até recomendação médica
Texto • Simone Aniello
Nas últimas décadas, uma série de pesquisas científicas confirmou aquilo que as filosofias orientais milenares tanto defendiam: a ideia de que uma mente em paz evita o adoecimento do corpo e até mesmo cura doenças. Nesse contexto, a meditação deixou de ser prática de bicho-grilo e ganhou espaço na vida de mais e mais pessoas, interessadas em alcançar a tão desejada qualidade de vida.
Esse método de aprimoramento mental foi objeto de inúmeros estudos a respeito de sua eficácia terapêutica, e, até agora, as conclusões têm sido bastante positivas. Centros de saúde respeitados, como a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e o Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo, já utilizam o método como terapia auxiliar de alguns tratamentos.
Segundo o cardiologista americano Herbert Benson, da Universidade de Harvard, um dos maiores estudiosos do assunto, a meditação é um dos meios mais eficazes de fortalecer a mente – e uma mente forte, diz o cientista, é meio caminho andado para um corpo saudável.
O que é e o que não é
Entrar em contato com seu “eu”. Ouvir o silêncio. Concentrar-se somente em sua respiração. Imaginar um terceiro olho no meio de sua fronte. Essas são algumas das frases que os adeptos da meditação, qualquer que seja o tipo, se permitem repetir interiormente durante o exercício meditativo. Muitas vezes, nem mesmo nessas simples frases o praticante pode pensar, afinal, o objetivo – alcançado pelos mais persistentes – é parar de pensar, cessar os ruídos da mente e buscar o autoconhecimento.
A palavra meditação é empregada para designar os processos intelectivos de reflexão, e suas raízes remontam ao grego antigo, com o significado de cuidado, estudo, exercício. Já suas raízes latinas ligam-se ao sentido de preparação e prática.
A partir do século 19, quando se estreitou o contato entre ocidentais e as civilizações do Oriente, a palavra meditar ganhou sentido mais amplo. Passou, então, a designar simplesmente a prática em que o indivíduo, em posição de repouso, se prepara para alcançar um estado interior de silêncio ou atenção pura, desligando-se de todas as idéias, imagens e conceitos, mesmo os de natureza religiosa.
Pode-se dizer que meditar não é refletir ou pensar sobre um tema específico. Meditar é, sobretudo, calar. Calar a mente e os pensamentos automáticos que raptam as pessoas tantas vezes ao dia. Calar emoções descontroladas que tomam conta de todos a cada momento. Meditar é esvaziar a mente.
Calando-se, o homem se torna capaz de ouvir e sentir sua voz interna, que roga por calma, tranquilidade e paz. Quando se entrega a esse apelo interno, seu corpo físico é o primeiro beneficiado, mesmo sendo a meditação uma prática essencialmente mental.
Algo para se sentir
Meditar também é elevar. É buscar dentro de si sua verdadeira natureza, atingir o aclamado autoconhecimento. A meditação não é algo para se ver com os olhos físicos nem para se pensar. É algo para se sentir, perceber olhando com os olhos da alma, com essa visão interna que todo ser humano possui, embora nem todos a percebam.
Usando a meditação, desenvolvemos também a concentração. Isso porque a capacidade de uma pessoa se concentrar elimina a luz difusa da mente e a focaliza, dando clareza mental e, assim, diminuindo o estresse e a ansiedade. A concentração intensifica a sensação.
Em suma, pode-se dizer que, esvaziando a mente das atribulações cotidianas, elimina-se uma das fontes dos sentimentos negativos que assolam os seres humanos, e, com isso, ganhar saúde e felicidade. É claro que tais benefícios só são conquistados por praticantes persistentes, que mantêm a regularidade nos exercícios e não desistem facilmente.
Aula expressa
A seguir, confira um pequeno texto utilizado em aulas de meditação dirigida à autoconsciência. Ele deve ser lido lentamente para um amigo ou, em silêncio, para si mesmo.
“Deixe a atenção penetrar o seu corpo; sinta suas nádegas pressionando a cadeira. Sinta suas mãos descansando; sinta o corpo a respirar tal como ele é e, gradualmente, deixe a atenção dirigir-se às sensações geradas pela respiração. Deixe a atenção concentrar-se totalmente nas sensações produzidas nas narinas pela respiração. Permita que ela mantenha suas marés naturais. Sem controlar, só observando. Os pensamentos nascem e se desfazem. Como estrelas cadentes. Soltando o pensamento, volte delicadamente para a respiração. Volte, se necessário, uma dúzia de vezes à respiração; sinta como se houvesse alguém observando tudo. Ultrapasse o próprio conceito de respiração e entre por inteiro no fluxo de consciência, permanecendo com ele”.
Dicas para conseguir meditar
1. Tente simplesmente não pensar – esvazie sua mente.
2. Controle a respiração – você formará um elo entre as partes consciente e inconsciente de sua mente. Aos poucos, aprenderá a controlar seus pensamentos, resistindo às pressões do subconsciente.
3. Contemplação visual também é uma forma de meditação. Olhe para um objeto, uma frase, uma chama de vela e o focalize firmemente, até que só exista isso em sua mente.
4. Utilize um mantra (palavra ou frase repetida seguidamente) – ele possui efeito imediato no relaxamento do corpo.
5. Feche os olhos – antes de qualquer coisa, tente enxergar seu primeiro nome escrito ou uma letra. Depois, visualize alguma imagem.
6. Relaxe sua mandíbula inferior e abra um pouco a boca – respire por ela, não profundamente, mas com uma respiração curta. Todo o seu corpo ficará relaxado.
Palavra de especialista
Com filiais em várias cidades brasileiras, a Organização Brahma Kumaris é um gabaritado centro de ensino de meditação. A seguir, confira algumas dicas dos especialistas de lá e evolua na prática.
Qual o tipo de meditação ministrado no instituto?
Na Organização Brahma Kumaris, é praticada a meditação Raja Yoga. Yoga quer dizer ligação ou conexão. Raja significa rei ou soberano. Raja Yoga é a ligação mental entre a alma humana e a Alma Suprema, Deus. Uma conexão direta com a fonte de energia que proporciona auto-realização e maestria sobre os pensamentos, palavras e ações.
Quais os benefícios conquistados por seus praticantes?
Acima de tudo, a transformação dos hábitos e de traços de personalidade indesejáveis. Além disso, eles resgatam a autoestima, assimilam virtudes, ganham força interior para enfrentar e lidar com problemas, pressões e situações difíceis do dia a dia. Sem falar do aumento da concentração, precisão e eficiência no trabalho, do incremento da criatividade e da maior desenvoltura nos relacionamentos.
Quais os conselhos para um iniciante na prática?
Um ambiente silencioso, arejado e agradável ajuda bastante, principalmente para aqueles que estão começando. Vale dizer, no entanto, que à medida que a pessoa se torna mais experiente ela pode meditar até em meio a um congestionamento. Os detalhes externos ajudam, mas não são fator determinante. O mais importante na meditação é o ambiente interno, ou seja, a qualidade dos pensamentos. A posição ideal para meditar é sentado, com a coluna ereta, sem forçá-la. Não é aconselhável meditar deitado. Primeiro porque há uma tendência a pegar no sono, principalmente se você estiver cansado. Segundo, porque o objetivo da meditação não é apenas relaxar, mas sim realizar um trabalho interior mantendo o intelecto e a mente alerta. Os melhores períodos são de manhã, no fim da tarde e antes de dormir. Começar o dia meditando, de 10 a 30 minutos, faz toda a diferença. A meditação antes de dormir também é muito indicada: traz um sono e um despertar tranquilos. Ela limpa as marcas deixadas na mente durante o dia e dá espaço para a novidade do dia
Fonte: Triada.com.br