DEEPAK CHOPRA, O GURU POP

Misturando medicina oriental e uma série de práticas terapêuticas e de autoajuda, o médico indiano, que aposta na medicina ayurvédica como a receita para uma vida melhor, conquistou o Ocidente. Conheça sua história

Texto • Luciane Lima

Fonte: Triada.com.br
 

Em 1999, ele foi incluído pela revista Time na lista dos cem ícones e heróis do século como o profeta da medicina alternativa. Era a coroação de uma trajetória brilhante, iniciada na Índia 30 anos antes.

Deepak Chopra nasceu em Nova Delhi, na Índia, em 1947. Vindo de uma família de classe média, desde criança tinha como objetivo seguir os passos do pai, que era médico cardiologista. Graduou-se no All India Institute of Medical Sciences em 1968 e, na década de 70, imigrou para os Estados Unidos. Foi lá na terra do Tio Sam que Chopra ascendeu de médico a um dos mais badalados “gurus da nova era”.

Primeiro trabalhou no Hospital de Nova Jersey. Mais tarde, passou vários anos na Clínica Lahey, hospital da Universidade de Virginia, e ministrou aulas em algumas universidades americanas, como a Universidade de Medicina de Boston.

Sua carreira ia bem. Chopra passou a fazer parte da Associação Americana de Médicos Endocrinologistas e foi nomeado chefe de equipe do Hospital de New England, mas ainda assim não se sentia completamente feliz.

A virada veio em 1981, quando Chopra conheceu Brihaspati Dev Triguna, “o principal médico ayurvédico vivo”, diz Chopra em sua autobiografia O Retorno do Rishi. “Até aquele momento, minha vida estava se movendo rápido demais e eu corria risco de desenvolver uma doença cardíaca”, declara o médico. 
 

Conversão gradual

Triguna o aconselhou a sentar-se silenciosamente e a comer amêndoas sem cascas lentamente todas as manhãs, a passar mais tempo com sua esposa e filhos, a mastigar seus alimentos calmamente e a fazer seu intestino funcionar no mesmo horário todos os dias.

Àquela altura, Chopra também já havia entrado em contato com a meditação transcendental, uma técnica na qual a pessoa se senta com os olhos fechados e repete mentalmente um mantra por cerca de 15 a 20 minutos, duas vezes por dia, e percebeu que ali residia uma poderosa fonte de bem-estar. A prática o ajudou a parar de beber café preto de hora em hora e de fumar um maço de cigarros por dia.

Hoje ele não só recomenda a meditação transcedental, como diz que ela é capaz de fazer as pessoas pensarem mais claramente, melhorarem sua memória, recuperarem-se imediatamente de situações estressantes, reverterem seus processos de envelhecimento e gozarem a vida mais plenamente.

Em 1984, Chopra tornou-se discípulo de Maharashi Mahesh Yogi, um dos principais líderes espirituais da Índia e, na época, guru de vários artistas famosos, como os Beatles. O especialista indiano em medicina ayurvédica Bokkulla Ramachandra Redy, que reside no Brasil há 15 anos, lembra: “Chopra foi meu colega de estudo no Grupo Transcedental de Meditação na Índia e posso dizer que ele contribuiu no meu progresso espiritual e profissional.” 

Sucesso do lado de cá

No final dos anos 80, já totalmente envolvido com o ayurveda, Chopra lançou um catálogo de produtos ayurvédicos, que incluía ervas medicinais e suplementos alimentares contra males como câncer, epilepsia, poliomielite, esquizofrenia, tuberculose e outras mais de 80 doenças. Era o início da ocidentalização da medicina ayurvédica.

“Deepak Chopra, por meio de uma linguagem simples, conseguiu traduzir o ayurveda para o Ocidente”, afirma Prem Íla, presidente do Instituto Brasileiro de Terapias Ayurveda (IBRATA). “Foi ele quem mostrou para os ocidentais o principal objetivo da medicina indiana: retardar o envelhecimento, não só de fora para dentro como também de dentro para fora”, completa  a especialista.

Em 1995, Deepak Chopra fundou o Chopra Center for Well Being (Centro Chopra para o Bem-estar), em La Jolla, na Califórnia. Lá, o ayurveda é vivenciado 24 horas por dia – seja na alimentação, nas práticas de yoga, nas massagens, na apresentação de vídeos, cursos, seminários, ou na manutenção da beleza e saúde, por meio de produtos medicinais e cosméticos. Não é à toa que estrelas como Madonna e Demi Moore já passaram por lá.

Hoje, o médico, que saiu da Índia e virou celebridade nos Estados Unidos, viaja o mundo  fazendo palestras e compartilhando seus conhecimentos. Não é esse, porém, seu principal instrumento para chegar às pessoas. Em 1987, ele publicou seu primeiro livro, Criando saúde. De lá pra cá, lançou mais três dezenas de publicações – e muitas delas se tornaram best-sellers em diversos países.

Fenômeno de vendas, com mais de 35 livros traduzidos para 35 idiomas, Chopra já vendeu, até hoje, mais de 20 milhões de exemplares em todo o mundo. Algumas de suas obras mais conhecidas (todas publicadas no Brasil pela Editora Rocco) são:Peso perfeitoCorpo sem idade, mente sem fronteiras, Sono tranquilo e Como conhecer Deus.

“Quando tive acesso aos livros de Deepak Chopra fiquei fascinada com a linguagem simples com que ele aborda a qualidade de vida aliada à medicina ayurveda”, diz Prem Íla. “Ele desperta o conhecimento da vida e isso me motiva a ir à Índia todos os anos para buscar o ayurveda como filosofia e profissão.”

Não é por acaso que tanta gente se refira a Chopra como “o maior guru da nova era”, “o pai da medicina alternativa” ou “o guru mais milionário de todos os tempos”.
 

Conta recheada

A fama de Deepak Chopra o fez acumular fortuna. Segundo a revista americana Newsweek, as empresas de Chopra arrecadam cerca de 15 milhões de dólares por ano, o que o torna o guru mais rico de todos os tempos.

Suas palestras e cursos não saem por menos de 25 mil dólares. Quando era presidente do Sharp Institute, o tratamento de purificação em uma semana, denominado Center for Mind/Body Medicine, custava de 1.125 a 3.200 dólares. As sessões terapêuticas variam entre 150 a 200 dólares. Um de seus livros, Corpo sem idade, mente sem fronteiras, vendeu sozinho mais de um milhão de cópias – 137 mil delas em um único dia, depois da aparição de Chopra no Oprah Winfrey Show, famoso programa de entrevistas da TV americana.

Tanto sucesso, é claro, atrai também muita crítica. Em 1994, a revista americana Forbes apelidou-o de “o mais recente, em uma linha de gurus que tem prosperado por misturar ciência popular, psicologia popular e hinduísmo popular.”