UM TEMPINHO PARA MEDITAR

UM TEMPINHO PARA MEDITAR

Pessoas com perfis e idades diferentes – mas todas tão ocupadas quanto você – conseguem parar, em algum momento do dia, para meditar. Então, por que não tentar? Veja como uma pedagoga, um executivo, uma jornalista e uma gerente comercial encaixam a meditação em suas rotinas e inspire-se

 

 

Texto • Erica Franquilino

Alguma coisa, felizmente, está fora da ordem. Apesar de todas as atribuições e preocupações diárias, cada vez mais pessoas buscam caminhos para harmonizar corpo e mente, por meio de práticas meditativas. Uma pedagoga, um executivo, uma jornalista e uma gerente comercial seguem na contramão da rotina acelerada das grandes cidades e, ao acordar, antes de dormir, ou mesmo no trajeto de volta para casa, dedicam algum tempo à meditação. Sim. É possível encontrar uma brecha no decorrer do dia e, mesmo que por alguns minutos, prestar atenção a sua respiração, voltar-se para si. Eles contam como.
 

Vivendo o aqui e o agora

Cerca de 800 crianças passam semanalmente pelas mãos da pedagoga Cassilda Soares Santana, 54 anos, orientadora de sala de leitura. Há três anos, quando ainda trabalhava em dois empregos, as dores insuportáveis causadas por problemas no nervo ciático a levaram a buscar aulas de yoga e meditação.

Hoje, Cassilda continua rodeada por crianças, mas o dia de trabalho começa de um jeito bem diferente: ao som de mantras. “Eu aplico a meditação não apenas no meu dia a dia, mas também na sala de aula. Coloco música meditativa e peço às crianças: ‘vamos tranquilizar a mente...’”. Ela garante que levar aos pequenos alguns minutos de prática meditativa faz bem tanto para os alunos, quanto para a professora.

“A música me ajuda muito, mas se não é possível ouvi-la, o mais importante é prestar atenção à respiração. Quando vejo que vou cair em pontos de estresse, paro e presto atenção à minha respiração”, comenta. É preciso ser persistente, ensina a professora. “Aos poucos, você vai encontrando formas de equilíbrio. Hoje, consigo me centrar em poucos segundos”, completa.

Cassilda conta que melhorou seus hábitos de alimentação, diminuiu a ansiedade e que passou a viver mais o “aqui e agora”. A meditação é parte cada vez mais importante na vida da pedagoga, que resolveu fazer um curso para formação de instrutores, “apenas para conhecimento”. O corre-corre continua, mas hoje a rotina “pesa menos”, ela diz.

 

Caminho sem volta

Para ir e voltar do trabalho, André Garcia, 39 anos, consultor de sistemas, perdia longas e irritantes horas no trânsito de São Paulo. No início de 2006, resolveu tomar uma atitude para aliviar o estresse: deixar o carro na garagem e ir trabalhar a bordo de um ônibus fretado. Na ida, como tanta gente, André geralmente vai lendo um livro. Na volta, ele medita. “Não é o ambiente mais propício, mas é possível”, diz o consultor.

O trajeto leva cerca de uma hora e trinta minutos. O ambiente é um tanto “hostil” para a meditação, ele assume. Distrações aparecem o tempo todo: no barulho que vem de fora, no próprio fato de estar em movimento, nas conversas entre os passageiros do ônibus. “No começo o pensamento desviava, mas a técnica da respiração ajuda muito. Se algo me distrai, eu foco justamente nessa distração, entendo o que me distraiu e aí essa atenção me traz de volta para a respiração”, explica.

Ele elege como um dos grandes benefícios proporcionados pela meditação o aumento na capacidade de concentração. “Meu ambiente de trabalho é muito barulhento, com gente falando o tempo todo. Lá, sou uma das pessoas que mais consegue se concentrar. O barulho não me afeta mais”, afirma. Meditar no caminho para casa também não é mais um desafio. A distração, apesar de continuar, vai diminuindo em freqüência e em duração, comenta o consultor. “Quando a gente consegue se dar esse tempinho, vê que ele faz toda a diferença”, conclui.

 

Mente mais desperta


 

Foram poucos os minutos de conversa por telefone com a jornalista Fernanda Magalhães, 29 anos. Ouvia-se o som do teclado, que não parou durante a rápida entrevista. A rotina é acelerada, mas ela encontra tempo para, durante cerca de 20 minutos, repetir o mantra que aprendeu nas aulas de yoga e meditação, num curso feito há quatro anos. “Aprendi que o ideal é meditar todos os dias, quando o sol nasce e quando ele se põe. Mas não dá para seguir isso à risca. Medito sempre que posso, de manhã, ao acordar. Quando dá tempo, também medito no final da tarde”, conta Fernanda, que contabiliza melhoras na digestão, no sono e no controle da bendita ansiedade.

Já a gerente comercial Anna Beatriz Portella Machado Ferreira, 47 anos, divide a vida em antes e depois da meditação. O interesse surgiu em 1996, depois de ler o livro As sete leis espirituais do sucesso, de Deepak Chopra. Três anos depois, ela fez um curso de meditação transcendental.

Mãe de dois filhos, ela medita todos os dias, ao acordar, antes do café da manhã. “É um hábito tão natural quanto escovar os dentes. Medito de 20 a 40 minutos, mentalizando o mantra que aprendi no curso”, diz a gerente. Anna também medita à noite, quando pode, cerca de três vezes por semana. “Senti um aumento da criatividade, minha mente ficou mais desperta, mais limpa”, ressalta. Ela aconselha a começar aos poucos, “nem que seja por apenas cinco minutos”, mas de maneira disciplinada. “Não importa quão ocupadas as pessoas sejam, elas têm de se permitir parar...”. Então, permita-se.

Fonte: Triada.com.br