EURITMIA: POESIA EM MOVIMENTO

EURITMIA: POESIA EM MOVIMENTO

Equilíbrio e agilidade são alguns dos benefícios dessa forma de arte capaz de transformar a palavra em dança e criar coreografias de imensa beleza. E isso além de ser uma verdadeira terapia. Conheça agora a euritmia

 

Texto • Erica Franquilino

Ganhar saúde, bem-estar e, ainda, aprender a transmitir, por meio de movimentos corporais, toda uma gama de sensações presentes na música e na poesia. Essas são algumas das vantagens de quem começa a praticar a euritmia, uma forma de arte em que criatividade e sensibilidade caminham juntas com o equilíbrio do corpo físico.

Intimamente ligada ao som e ao tom, a euritmia foi criada em 1912 pelo austríaco Rudolf Steiner, pai da antroposofia.  Do grego “conhecimento do ser humano”, a antroposofia é uma corrente de pensamento que propõe um modo de vida mais espiritualizado, criativo e natural para tornar nossa convivência com o universo que nos cerca mais harmoniosa. A filosofia antroposófica abrange os mais diversos campos, passando pela medicina, pedagogia e até arquitetura. Não poderia, portanto, deixar de dar importância para as artes.

Steiner acreditava que a manifestação artística é a mais elevada realização que o espírito humano pode almejar, porque está intrinsecamente relacionada com nossa criatividade. Criou, então, uma forma de arte que apresentava uma particularidade: a capacidade de dançar a palavra. “Ele foi desenvolvendo gestos para cada fonema da língua, descobrindo a relação dos movimentos corporais com a palavra falada”, explica a professora de euritmia pedagógica, Marília Barreto.

Dançar um poema ou um fonema parece estranho em um primeiro momento, mas logo faz sentido. Tente imaginar a forma da letra B, por exemplo. Repita e atente para o movimento da língua, da boca. Agora pense a que formato ela corresponde. Muito provavelmente você pensou em uma forma arredondada. “O B é envolvente, é como se fosse uma capa, o manto de uma madona”, explica a professora.

 

Arte que se aprende na escola

A euritmia pode ser praticada por qualquer pessoa, mesmo sem conhecimentos prévios de antroposofia, mas é mesmo nas escolas Waldorf (que seguem a pedagogia desenvolvida por Rudolf Steiner) que a prática mostra sua força. Na escola Waldorf Rudolf Steiner de São Paulo, por exemplo, a vertente pedagógica dessa arte acompanha o currículo de crianças a partir de três anos – as aulas podem ser voltadas à coreografia de poemas, músicas ou à mescla dos dois.

Os pedagogos acreditam que a atividade ajuda a desenvolver, além dos dons artísticos e da criatividade, a sensibilidade que está latente em todas as crianças. Para Marisa Bernardo, euritmista pedagógica, com especialização também em euritmia curativa, a presença da euritmia no currículo escolar funciona como uma “segunda parteira”. O tipo de poesia ou de música a ser trabalhado depende da etapa vivida pelo aluno, “ajudando-o a passar pelas crises da adolescência, por exemplo”, comenta Marisa.
 

De dentro pra fora, de fora pra dentro

Mais do que ensinar, a euritmia também pode curar. Em diversos países, vem sendo adotada como complemento terapêutico no tratamento de doenças posturais, neurológicas e musculares. Na euritmia curativa, os movimentos atuam no organismo com a intenção de transformar . Marisa explica que o reumatismo, por exemplo, tem a ver com endurecimento, com aquilo que devia estar fluindo, mas que começa a enrijecer. “Nesse caso, procuramos fonemas de gestos fluidos, que trazem novamente essa qualidade da água, do fluxo, para dentro do corpo. Usamos, então, o gesto do L”, explica.

O que é o gesto do L? Fica mais fácil se você imaginar uma fonte cujo movimento da água começa com um certo peso, depois se eleva, fica cada vez mais leve e começa a cair, para então começar tudo de novo. “Atrás de cada fonema há um segredo, um movimento intrínseco”, afirma Marisa.

Além de saúde, o saldo da prática dessa arte inclui benefícios como bem-estar e autoconhecimento. Com a sensibilidade aguçada e melhor percepção do mundo, o corpo se torna um instrumento mais hábil, mais esperto. “Quando danço estou sensibilizando todo o meu corpo para as nuances e sutilezas do mundo. O corpo passa a ser um instrumento muito mais acordado, sensível, ágil”, diz Marília. Em outras palavras, o corpo todo fala.
 

Para saber mais

Escola Waldof Rudolf Steiner

Aulas diárias para grupos de leigos, ministradas das 7h30 às 8h30.
Tel.: (11) 5523-6655
Site: www.ewrs.com.br
 

Espaço Flamboyant

Oferece cursos para leigos e para a formação de profissionais, além de atendimento individualizado em euritmia curativa.
Tel.: (11) 3079-2047
E-mail: espacoflamboyant@uol.com.br
 

Clínica Tobias

Atendimento em euritmia curativa.
Tel.: (11) 5687-3799

  Fonte: Triada.com.br